A gravidez na adolescência é um problema comum em vários países e não é exclusivo das camadas mais pobres da sociedade. No entanto, em países de terceiro mundo chama mais a atenção pela crueldade que o tema envolve. Seja pelas tentativas toscas de aborto ou pela vida precária que alguns bebês terão que enfrentar por causa da falta de recursos da mãe. A falta de apoio das adolescentes que não têm como se sustentar e são abandonadas pela família e parceiro é um agravante. A Casa da Menina Mãe I, localizada no centro de São Paulo, abriga meninas recolhidas por assistentes sociais com histórias marcantes.
Foi difícil entrar na instituição. Mesmo tendo feito, dias antes, uma difícil negociação da visita com a assistente social, a entrada é bloqueada por uma das funcionárias que cuida das meninas menores grávidas. Vários olhos arregalados espiavam pela janela. Essa situação, com a decadência do centro de São Paulo como pano de fundo, gerou um clima pesado. Era possível sentir a tensão no ar. No dia seguinte, a explicação: uma das meninas foi ameaçada pelo pai da criança e todos estavam apreensivos.
O número de gestantes oriundas das classes mais pobres é maior porque elas não têm grandes expectativas e vêem no filho alguma esperança para mudar de vida. Esse fato, somado a tantos outros, fazem com que a quantidade de menores grávidas continue grande, mesmo com as inúmeras campanhas de conscientização.
A pesquisa Gravad realizou em 2006 uma enquete domiciliar com 4.634 jovens, de 18 a 24 anos e de ambos os sexos, em três capitais do país (Salvador, Rio de Janeiro, Porto Alegre). Em relação à gravidez na adolescência (até os 20 anos incompletos), os dados indicam que pelo menos um episódio reprodutivo foi relatado por 29,6% das mulheres e 21,4% dos homens.
A maioria dos entrevistados (70%) declarou uso de proteção e/ou contracepção na primeira relação sexual. Essa taxa decai com o decorrer do relacionamento, uma vez que os parceiros "ganham confiança" entre si.
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA
Atualmente, com a conscientização do uso de contraceptivos, a ingenuidade das adolescentes é uma das principais causas da gravidez. Mesmo conscientes do risco, depositam toda a confiança nos parceiros. Esse é o caso de Carla (nome fictício).
A moradora da Casa da Menina Mãe I tem 17 anos e uma filha de seis meses. Ela conheceu um advogado de 43 anos em um barzinho na Praça da Árvore. Carla* encontrou nele o carinho que não tinha em sua casa e foi morar com o homem. Apaixonada, engravidou, mas o advogado afirmou que o filho não era dele e a expulsou de casa. "Fui enganada por um homem que dizia gostar de mim", diz ela. "A criança é parecidíssima com ele e agora estou aqui no abrigo esperando decisão do juiz."
As internas se mostram muito bravas no primeiro contato, olham torto e fazem cara feia. Desconfiadas, algumas se escondem. Elas conversam como se estivessem sendo forçadas e contam muitas histórias chocantes propositalmente. Como quando foram presas vendendo drogas e como é cruel a vida na rua. Tudo isso com muita naturalidade, atentas à reação do ouvinte. No entanto, com a visita constante, elas tiram a máscara e se mostram adolescentes normais. A falta de carinho e abandono da família fazem tanta falta na vida delas que em pouco tempo criam um laço afetivo muito forte com qualquer pessoa que lhes dê atenção. Elas contam suas histórias com o maior prazer, pedem para carregar seus filhos, mostram fotos e roupas ganhas.
A assistente social conta que a falta da família cria um forte laço com a criança. Mesmo que o filho não fosse desejado, ele acaba sendo a coisa mais importante em suas vidas. Um exemplo é o caso de July (nome fictício), 17. "Conheci o pai da minha família e engravidei, mas eu não aceitava. Tomei de tudo para abortar minha filha, mas não consegui. Quando minha mãe descobriu, me botou na rua. Fui morar na casa de uma amiga. Fiquei trabalhando lá, depois voltei para a casa da minha mãe", conta a menina, que chegou a estudar em colégio interno. "Minha mãe jogava tudo na minha cara. Falava que não ia aceitar a minha filha e eu só chorava, tentando me matar. Tinha dias que eu dormia no quintal da casa porque minha mãe não queria abrir a porta para mim." Ela procurou ajuda, foi parar na Casa da Menina Mãe I e desabafa: "hoje, quando vejo o rostinho da minha filha sorrindo para mim, me arrependo de ter tomado várias coisas para abortá-la. Estou muito feliz e grata a Deus por ter me dado uma filha linda e com muita saúde. Não guardo mágoas da minha mãe, a amo como minha filha".
Foi difícil entrar na instituição. Mesmo tendo feito, dias antes, uma difícil negociação da visita com a assistente social, a entrada é bloqueada por uma das funcionárias que cuida das meninas menores grávidas. Vários olhos arregalados espiavam pela janela. Essa situação, com a decadência do centro de São Paulo como pano de fundo, gerou um clima pesado. Era possível sentir a tensão no ar. No dia seguinte, a explicação: uma das meninas foi ameaçada pelo pai da criança e todos estavam apreensivos.
O número de gestantes oriundas das classes mais pobres é maior porque elas não têm grandes expectativas e vêem no filho alguma esperança para mudar de vida. Esse fato, somado a tantos outros, fazem com que a quantidade de menores grávidas continue grande, mesmo com as inúmeras campanhas de conscientização.
A pesquisa Gravad realizou em 2006 uma enquete domiciliar com 4.634 jovens, de 18 a 24 anos e de ambos os sexos, em três capitais do país (Salvador, Rio de Janeiro, Porto Alegre). Em relação à gravidez na adolescência (até os 20 anos incompletos), os dados indicam que pelo menos um episódio reprodutivo foi relatado por 29,6% das mulheres e 21,4% dos homens.
A maioria dos entrevistados (70%) declarou uso de proteção e/ou contracepção na primeira relação sexual. Essa taxa decai com o decorrer do relacionamento, uma vez que os parceiros "ganham confiança" entre si.
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA
Atualmente, com a conscientização do uso de contraceptivos, a ingenuidade das adolescentes é uma das principais causas da gravidez. Mesmo conscientes do risco, depositam toda a confiança nos parceiros. Esse é o caso de Carla (nome fictício).
A moradora da Casa da Menina Mãe I tem 17 anos e uma filha de seis meses. Ela conheceu um advogado de 43 anos em um barzinho na Praça da Árvore. Carla* encontrou nele o carinho que não tinha em sua casa e foi morar com o homem. Apaixonada, engravidou, mas o advogado afirmou que o filho não era dele e a expulsou de casa. "Fui enganada por um homem que dizia gostar de mim", diz ela. "A criança é parecidíssima com ele e agora estou aqui no abrigo esperando decisão do juiz."
As internas se mostram muito bravas no primeiro contato, olham torto e fazem cara feia. Desconfiadas, algumas se escondem. Elas conversam como se estivessem sendo forçadas e contam muitas histórias chocantes propositalmente. Como quando foram presas vendendo drogas e como é cruel a vida na rua. Tudo isso com muita naturalidade, atentas à reação do ouvinte. No entanto, com a visita constante, elas tiram a máscara e se mostram adolescentes normais. A falta de carinho e abandono da família fazem tanta falta na vida delas que em pouco tempo criam um laço afetivo muito forte com qualquer pessoa que lhes dê atenção. Elas contam suas histórias com o maior prazer, pedem para carregar seus filhos, mostram fotos e roupas ganhas.
A assistente social conta que a falta da família cria um forte laço com a criança. Mesmo que o filho não fosse desejado, ele acaba sendo a coisa mais importante em suas vidas. Um exemplo é o caso de July (nome fictício), 17. "Conheci o pai da minha família e engravidei, mas eu não aceitava. Tomei de tudo para abortar minha filha, mas não consegui. Quando minha mãe descobriu, me botou na rua. Fui morar na casa de uma amiga. Fiquei trabalhando lá, depois voltei para a casa da minha mãe", conta a menina, que chegou a estudar em colégio interno. "Minha mãe jogava tudo na minha cara. Falava que não ia aceitar a minha filha e eu só chorava, tentando me matar. Tinha dias que eu dormia no quintal da casa porque minha mãe não queria abrir a porta para mim." Ela procurou ajuda, foi parar na Casa da Menina Mãe I e desabafa: "hoje, quando vejo o rostinho da minha filha sorrindo para mim, me arrependo de ter tomado várias coisas para abortá-la. Estou muito feliz e grata a Deus por ter me dado uma filha linda e com muita saúde. Não guardo mágoas da minha mãe, a amo como minha filha".
10 comentários:
Graças a Deus não passei por isso! Só fui ter meu primeiro filho aos 33 anos e como sofri tendo que administrar a rotina de um recém-nascido. Não dá para imaginar como essas meninas enfrentam essa barra!
Boa noite Maria Fernanda!
Tô passando p/ avisá-la que tem um desafio p/ vc em meu blog!
Não fiz isso pq o Oscar pediu publicamente, viu?
Logo que lí seu comment pensei em passar a vc!
Pode reparar que é a primeira da minha lista...
Qdo postar me avise que venho ver, ok?
Bjus
Oi!
Você não me conhece, mas deixei um desafio pra você lá no meu blog, a pedido do Oscar Luiz. Apareça por lá!
Querida,
Eu pedi e por enquanto apenas 2 atenderam: Renata Emy (Renatinha no Blogger) e Eneida (Rincão) já indicaram você pra o Desafio dos "7".
Eu disse que os meus amigos são fiéis aos meus pedidos...
É que eu também sou fiel aos que eles pedem. É tudo uma troca recíproca de gentilezas e sutilezas.
Bem vinda ao mundo dos "blogueiros do bem"!
Beijo! Quero ver o seu desafio!
Eu tb não imagino, só passando para saber...
Obrigado TÂNIA pelo comentário.
Beijos!
Olá Renatinha, adorei te conhecer...o Oscar fala muito bem de vc...vou atender o seu desafio.
beijos!
Eneida minha querida, o Oscar fala muito bem de vc... muito obrigada pelo desafio. beijos!
Blz Oscar... valeu pela ajuda.
beijos!
O prazer foi todo meu em te conhecer! ;D
Áh vc é nova por aqui né?
Seja bem vinda ao nosso mundinho!
Bjs
Muito obrigada Renatinha!!!
Espero que possamos trocar figuras online.Beijos
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