quarta-feira, 8 de agosto de 2007

O QUE ENSINAR A QUEM ENSINA

Em meio ao corporativismo acadêmico e à oscilação das políticas públicas, cursos de formação de professores escorregam na busca do equilíbrio entre práticas pedagógicas e conhecimento do objeto a ser ministrado.
Valéria Hartt

É necessário avançar para um campo mais livre do corporativismo acadêmico e do caráter remediativo das políticas públicas. Falar que a formação de professores vai mal não é novidade. Há décadas discute-se a deficiência dos cursos de formação e questões centrais continuam sem resposta: qual o caráter da formação docente? Os cursos devem apontar para o ensino técnico-profissionalizante ou para a formação acadêmica? Que identidades estão por trás da figura do bacharel, na formação de especialistas, e dos egressos dos cursos de licenciatura? Que lógica pontua a visão curricular de uma ou outra concepção e como isso tangencia, na prática, as exigências curriculares impostas à educação básica?

Apesar da enxurrada de leis, diretrizes e parâmetros curriculares, da multiplicação de cursos e faculdades dirigidos ao magistério, a figura do professor, que personifica o desafio da educação na sala de aula, permanece frágil, ainda à procura de identidade.

Estudo feito pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) em 2003 demonstra que a formação do professor afeta diretamente o desempenho do aluno. Quando o educador possui formação superior, a média de seus alunos na prova de leitura é de 172 pontos. Quando a formação é secundária, cai para 157.

Resta saber, exatamente, qual é a formação pretendida - um embate que se arrasta nos últimos 30 anos e emerge com a freqüência com que aparecem os dados, e a conseqüente fragilidade da escola pública.

"Ainda não há uma política nacional de formação e valorização do magistério", critica Helena de Freitas, presidente da Associação Nacional pela Formação de Profissionais da Educação (Anfope).

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